No grupo Jacto vejo ainda circulando os úteis VAI-VEM, feitos de papel resistente para durarem 120 viagens. Há poucos dias vi um destes “heróis da resistência” chegar às mãos de uma colega do setor. Preso em seus dedos estava o VAI-VEM, no seu rosto ares de admiração mesclado com ternura, na sua boca uma sugestão: “Heron, escreve sobre isso”. A inspiração despertou como de um sono.
Aquele envelope, com quase todos de-para preenchidos já tinha feito pelo menos 112 viagens, faltando apenas 8 para se aposentar. A quantidade que carregava de rugas e marcas não era muito menor que as perfurações dos grampeadores. Enquanto eu olhava o estado geral do VAI-VEM, minha colega ia mostrando nele o nome de pessoas que já passaram pela empresa há uns 5 anos. Seu dedo não apontava apenas um nome de remetente ou destinatário, mas um quadro que foi pintado ou uma janela construída nem tão longe e nem tão perto no tempo.
De cá-pra-lá e de lá-pra-cá, cada VAI-VEM, como numa mostra itinerante do tempo continuará suas viagens de porto em porto declarando as trocas entre as pessoas. Com certeza eles não dirão se perguntarem, mas escondem em suas dobras e rugas os sentimentos e palavras dos que os enviaram e receberam.
Gostaria de algum dia erguer um cálice a um desses VAI-VEM utilizados até o fim. Muito mais, almejo ser como um deles, com todo potencial consumido em sua jornada. Seria um privilégio desfrutar vazio como eles o entardecer dos meus dias, sem mais o que dar, tendo na mente a mesma frase de Paulo, veterano e inspirado escritor da fé cristã: “combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”.
13/11/09
ResponderExcluirParabéns Heron, você transforma o nosso cotidiano em poesia, em arte, em beleza.
João Batista Resende
Muito bom e obrigado pelo envio, espero estar no lançamento desse livro...
ResponderExcluirGustavo A O Santos
Bom dia Heron.
ResponderExcluirGosto de todas as sua crônicas, mas essa em especial, foi de uma ternura que faz com que lembremos de pessoas queridas que já passaram por aqui mesmo...
Sei que exitem pessoas que não percebem a essência de seu talento, mas continue fazendo... pq o mundo é de quem consegue percebe-lo.
Parabens...
Lílian Rocha
Linda crônica. Quase consegui visualizar o envelope.
ResponderExcluirTrabalhei no Banco Itaú por 6 anos e utilizei muito o que chamávamos de “de-para”, lembrei-me com saudades daquele ambiente...
[ ]s, obrigado e que Deus continue a inspirá-lo.
Guto
Muito bom! Adorei!!
ResponderExcluirRoseli B. H. Vidói
Tio que crônica mais linda!!! Fiquei emocionada!!!
ResponderExcluirQue sua mente seja sempre assim, inspirada pelo coração do Pai.
Com carinho.
Gabi.
Bom dia Heron!
ResponderExcluirQuero lhe parabenizar pelas suas belas e inteligentes crônicas. Elas são muito legais, nos remete a pensar e refletir sobre coisas que às vezes não percebemos e nem damos tanto importância, acho que é pela correria do nosso dia-a-dia.
Toda vez que chega uma crônica sua no meu e-mail eu vou logo abrindo para ler, parece um tranqüilizante para a alma.
Parabéns por esse belo dom de escrever.
Que Deus lhe conceda esse dom por muitos e muitos anos.
Abraço.
Claudinei da Silva Ramos
Realmente Heron, como tenho lhe dito.
ResponderExcluirGrande é seu ministério, pois no escrever vc pastoreia nosso coração e alma.
Grato,
NEI.
Caro Heron ,
ResponderExcluirAlem de mais uma vez reconhecer sua arte nas letras tenho que dizer que este do dia 13 calou fundo pois por mais de 22 anos trabalhei em gráfica que produzia e vendia o de-para, correlope, mailer, vai e vem e outros nomes que falam do mesmo produto , processo , troca, viagens etc...
Parabéns !
Abraços
Marcos
Nada como acabar com a certeza da missão cumprida e cheio de FÉ Heron! E esta é a missão que nos cabe: sermos um realizado VAI-E-VEM!
ResponderExcluirPoeta rapaz! Você é um deles! E dos bons... Parabéns pela crônica e pela saudade que despertou em mim e, tenho certeza, em mais pessoas que tiveram acesso a esta "preciosidade" em tempos de e-mail, skype, ICQ... e tantos cibernéticos mais.
Sucesso! Muito sucesso prá você!
Demócrates