sábado, 14 de fevereiro de 2009

Um lugar distinto e um segredo

Aos que trabalham no Grupo Jacto e entram às 7:00h como eu, a ginástica laboral é nossa primeira atividade. Acho que um dos propósitos dela é despertar os mais sonolentos, trocando o alongamento dos músculos das mandíbulas pelos que serão mais necessários para o trabalho, procurando assim evitar contusões.

Para algumas pessoas a manhã é o período mais agradável do dia, e faço parte das tais, pois nestas horas quase tudo se torna intenso. O frescor matinal, exceto no nosso breve inverno, é percebido e recebido como um bálsamo, e os tenros raios solares tingindo o céu são contemplados como um quadro vivo do pintor celestial. Nesse clima, a ginástica ao ar livre concede-me a oportunidade de desfrutar um pouco mais das manifestações de um novo dia, que num discurso sem palavras declara a sabedoria e poder daquele que o criou.

Não conheço todos locais que se realizam os exercícios, mas aprecio o espaço que utilizamos, pois ficamos circundados por arvores e vegetação que quase todo ano tem vigor e beleza, sem contar na sorte de termos atrás palmeiras que testemunham com o silêncio solene dos sábios nossos quase coordenados movimentos. Além disso, o que torna mais distinto o ambiente é que ocupamos um chão histórico ao lado do primeiro edificio da Jacto na avenida Dr. Luiz Miranda.

Conforme a época, noto curiosas aves espiando-nos por breves instantes com olhares discretos e sorrateiros, e outras mais tagarelas e enxeridas. Todas saem das árvores que se prestaram de pousada e logo voam ao encontro de seus bandos para sua sina de navegantes do ar.

Volta e meia, o som de uma bomba d´água que nunca avisa quando vai funcionar, joga seus muitos decibéis sobre a voz feminina que orienta nossos movimentos através das caixas de som espalhadas pela empresa. De segunda à sexta, essa voz repete as mesmas instruções em ritmo cadenciado como um pêndulo que regerão os 6 minutos que nos preparam para iniciar as atividades diárias.

Essa voz tão conhecida, como numa liturgia ouvida por todos ao mesmo tempo, causa-me curiosidade, pois nela há um segredo. De quem é essa voz?... Como será a dona dela?... Ela conhece alguém de nós?... Por onde ela anda?... Quem sabe se um dia ela viesse pessoalmente narrar os exercícios e despedir-nos para o trabalho com a sacramental frase “um bom trabalho a todos”.