terça-feira, 22 de maio de 2012

MOTIVAÇÃO

MOTIVAÇÃO


A cidade estava acordando. Vi uma mãe com seu filho no colo. Ela aguardava o ônibus que levaria seu bebê para a creche. Observando a trivial cena logo adiante de mim, segui em frente pedalando minha bicicleta e aproximando-me deles. Ao mesmo tempo, meus pensamentos procuravam motivação para mais um dia de rotina que começava. Não imaginava que esta busca estava tão perto de terminar.


Com os termômetros marcando poucos graus, e o brilho das luzes ainda opacas pela neblina, senti pena daquela criança tirada das cobertas naquela hora. Entre a maioria dos mortais, as primeiras horas de uma fria manhã é o melhor momento para encolher-se na cama e esticar o sono mais um tanto. O pequerrucho já enfrentava seus primeiros sacrifícios dos muitos que terá pela frente a fim de poupar grandes sofrimentos.


Passando mais perto daqueles dois que se apertavam, num olhar de viés notei a mãe inclinando-se com o rosto bem perto do filho. Entre sorrisos e cochichos ela começa a cobrir com beijos a face do pequeno, apertando-o mais ainda contra seu corpo. À medida que a distância entre nós aumentava, despedia-se dos meus ouvidos o som dos carinhos e brincadeiras entre eles. Continuei a pedalar sentindo-me respingado pelas águas de uma cascata de afetos despejando sobre o cálice daquela criança.


O amor manifestado de forma tão pura, em quaisquer condições, motiva e dá ordem de despejo ao medo e desalento. O pesar pela mãe e filho que velava meus sentimentos naquela manhã vestiu-se de luz e ânimo. A grata surpresa ao testemunhar aquela ilha de calor e meiguice cercada pela fria neblina aqueceu minhas emoções. Tomara que eles também tenham tido um gracioso início de dia como o que sutilmente me deram.