domingo, 8 de julho de 2012

A COZINHA DE SININHO


Metamorfose
Há uma cozinha entre os banheiros e a sala do meu local de trabalho. Hoje ela parece uma borboleta que saiu do casulo. Meses atrás, seria necessário um anúncio com a palavra “cozinha” afixado nas portas a fim de avisar em que ambiente estava quem passasse por ela. Atualmente as placas seriam  supérfluas. Aliás, até os mais distraídos conseguem sentir que estão num ambiente que convida para um cafezinho em volta de uma mesa ou encostando-se ao granito de uma pia.

A mudança da “cozinha abóbora” para uma “cozinha carruagem” começou quando uma nova faxineira passou a cuidar daquele lugar. Pouco depois que ela chegou ocorreu a seguinte cena:

terça-feira, 22 de maio de 2012

MOTIVAÇÃO

MOTIVAÇÃO


A cidade estava acordando. Vi uma mãe com seu filho no colo. Ela aguardava o ônibus que levaria seu bebê para a creche. Observando a trivial cena logo adiante de mim, segui em frente pedalando minha bicicleta e aproximando-me deles. Ao mesmo tempo, meus pensamentos procuravam motivação para mais um dia de rotina que começava. Não imaginava que esta busca estava tão perto de terminar.


Com os termômetros marcando poucos graus, e o brilho das luzes ainda opacas pela neblina, senti pena daquela criança tirada das cobertas naquela hora. Entre a maioria dos mortais, as primeiras horas de uma fria manhã é o melhor momento para encolher-se na cama e esticar o sono mais um tanto. O pequerrucho já enfrentava seus primeiros sacrifícios dos muitos que terá pela frente a fim de poupar grandes sofrimentos.


Passando mais perto daqueles dois que se apertavam, num olhar de viés notei a mãe inclinando-se com o rosto bem perto do filho. Entre sorrisos e cochichos ela começa a cobrir com beijos a face do pequeno, apertando-o mais ainda contra seu corpo. À medida que a distância entre nós aumentava, despedia-se dos meus ouvidos o som dos carinhos e brincadeiras entre eles. Continuei a pedalar sentindo-me respingado pelas águas de uma cascata de afetos despejando sobre o cálice daquela criança.


O amor manifestado de forma tão pura, em quaisquer condições, motiva e dá ordem de despejo ao medo e desalento. O pesar pela mãe e filho que velava meus sentimentos naquela manhã vestiu-se de luz e ânimo. A grata surpresa ao testemunhar aquela ilha de calor e meiguice cercada pela fria neblina aqueceu minhas emoções. Tomara que eles também tenham tido um gracioso início de dia como o que sutilmente me deram.






segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

ACENDER OU APAGAR?

Glamour, encantamento e brilho
Glamour, encantamento e brilho. Estes substantivos intangíveis transpiram por todos os espaços e momentos em viagens de transatlânticos como o Costa Concórdia, que afundou na costa oeste da Itália. Ares de dignidade entre tripulantes e tripulação tecem sobre o mar um clima bem diferente do que se vive  em terra. Aos que viajavam no Costa Concórdia, subitamente o romance se desfez: um solavanco abalou "tudo e todos" pelo encontro de uma rocha com o casco do navio. Como uma carruagem que virou abóbora, findou-se a viagem e o sonho dos milhares naquele castelo sobre as águas.

 Francesco Schettino
Hoje, a curiosidade levou-me a procurar uma imagem do capitão do navio. Encontrei na internet centenas de fotos de Francesco Schettino. Fotos de antes e depois do acidente.  As tiradas após o acidente são muitas, mostrando-o com cara de "Cinderela sem os sapatinhos de cristal". Mas encontrei apenas uma imagem dele antes da fatídica noite; nela, sua pose e aparência são como as de um galã do tipo 007: transmitem confiança e magnetismo.

Agora, todos sabem que, se ele gritou “mulheres e crianças primeiro”, foi do lado de fora do navio, e no primeiro lugar seguro que encontrou naquela noite escura. Estranhamente, pensando na madrugada negra daquelas pessoas, lembrei-me das muitas noites sem luz que povoaram meus dias de criança. Para mim, e para meus irmãos e amigos da rua, as noites quentes e escuras eram cenário perfeito para caçarmos vagalumes: com uma peneira nas mãos, de pernas finas e joelhos grossos, corríamos atrás das pequenas luzes de cor verde que voavam sobre nossas cabeças. A caçada acabava quando conseguíamos jogar a peneira sobre os pontinhos luminosos, interrompendo aquele vôo reluzente.

Com o cuidado e a precisão de um caçador, guardávamos em caixas de fósforos aqueles pirilampos. Era um mistério para nós, mas o simples inseto, quando ameaçado, acendia uma luz esverdeada, tornando aquelas caixinhas como um troféu nas nossas mãos. Após tanto tempo, a imagem daquela luz e a lembrança das caixinhas estão guardadas nos meus pensamentos feito jóias em estojos de veludo. Entretanto, a figura estelar do capitão se desfará breve, pois no escuro e diante do medo, até que provem o contrário, o brilhante Francesco apagou-se, transformando-se em um tosco ser. Com atitude oposta à do capitão, no escuro e diante do medo, o rude vagalume brilhava uma luz que encantava nossos olhos, provocando a sensação de sonhar acordado. Isto sim, quero guardar e imitar.
Acender ou apagar?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

SHOW DA TARDE

Ontem à tarde, no quintal de casa, assisti um show incrível de um artista invisível.
Não resisti e fiz algumas fotos pensando em compartilhar com você.
Anexei algumas delas, mas desculpe-me, pois não foi possível fotografar temperatura, vento e movimento.


Red and Blue


Sintonia de luzes

Captação do ocaso

Tudo azul
Mais que pote de ouro

Até a chaminé parou para ver

Chumbo e ouro no céu

Cortina celeste

Nuvens em chama


DESEJO E ANSIEDADE


Nos dias que cercavam a travessia de 2011 para 2012, os traquinas Desejo e Ansiedade disputavam lugares e prioridades em minha mente fazendo a maior balburdia. Do jeito que a coisa estava deduzi que uma gastrite chegaria em mim antes de 2012. 

Para dar fim na bagunça fiz o seguinte: Sentei cada deles entre meus neurônios, louvei a Deus, e em seguida li para eles uma parte do sermão do monte em Mateus 6:33 que diz: "Mas buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.".

Após isso, a paz de um bebê dormindo, como um lençol cobriu meus pensamentos, e os impertinentes habitantes da mente disseram amem.

Feliz 2012 com muita paz!