
A cidade estava acordando. Vi uma mãe com seu filho no colo. Ela aguardava o ônibus que levaria seu bebê para a creche. Observando a trivial cena logo adiante de mim, segui em frente pedalando minha bicicleta e aproximando-me deles. Ao mesmo tempo, meus pensamentos procuravam motivação para mais um dia de rotina que começava. Não imaginava que esta busca estava tão perto de terminar.
Com os termômetros marcando poucos graus, e o brilho das luzes ainda opacas pela neblina, senti pena daquela criança tirada das cobertas naquela hora. Entre a maioria dos mortais, as primeiras horas de uma fria manhã é o melhor momento para encolher-se na cama e esticar o sono mais um tanto. O pequerrucho já enfrentava seus primeiros sacrifícios dos muitos que terá pela frente a fim de poupar grandes sofrimentos.
Passando mais perto daqueles dois que se apertavam, num olhar de viés notei a mãe inclinando-se com o rosto bem perto do filho. Entre sorrisos e cochichos ela começa a cobrir com beijos a face do pequeno, apertando-o mais ainda contra seu corpo. À medida que a distância entre nós aumentava, despedia-se dos meus ouvidos o som dos carinhos e brincadeiras entre eles. Continuei a pedalar sentindo-me respingado pelas águas de uma cascata de afetos despejando sobre o cálice daquela criança.
O amor manifestado de forma tão pura, em quaisquer condições, motiva e dá ordem de despejo ao medo e desalento. O pesar pela mãe e filho que velava meus sentimentos naquela manhã vestiu-se de luz e ânimo. A grata surpresa ao testemunhar aquela ilha de calor e meiguice cercada pela fria neblina aqueceu minhas emoções. Tomara que eles também tenham tido um gracioso início de dia como o que sutilmente me deram.

Bom dia Heron!!
ResponderExcluirRealmente foi uma grande alegria quando abri meu e-mail e vi após vários meses a sua crônica, e que texto legal!! extrair de algo simples e talvez até rotineiro (mas que muitas vezes nos escapa aos olhos por nossa constante "correria") algo tão bonito e inspirador é fantástico!!
Parabéns e muito obrigado!!
Caio
Heron, boa tarde!
ResponderExcluirMaravilhosa sua crônica.
Sabe, todos os dias venho de Tupã e quando chego aqui em Pompéia fico observando o que você escreveu. Na maioria dos pontos então ali a mãe e o seu “filhotinho” aguardando para mais um dia de aprendizado.
Mas na vida é assim, esses ”filhotinhos” serão o futuro.
Parabéns pela sensibilidade.
Forte abraço,
Eudi Ramos
Emocionante!
ResponderExcluirNão desvalorizando o acontecimento em si, mas é notável tua capacidade de traduzir em tão belas palavras, com tamanha maestria, transformando em algo grandioso uma cena tão simples e corriqueira como esta, que a maioria das pessoas sequer percebe.
Emocionante!
Abraço!
Davi Piangers
Caro Heron,
ResponderExcluirRealmente senti falta das suas palavras e pensei que tivesse mudado a forma de se comunicar com os seus seguidores do blog.
Fico feliz pela volta e vejo que recomeçou com muita sensibilidade e percepção das coisas simples mas tão valorosas da vida: o amor que gera calor.
Bom retorno e saudades.
Airton
Existem homens que Deus dotou de força, outros de riquezas materiais. Mas existe um homem que conheço muito bem, e que Deus o dotou como um excelente e sensível escritor, que descobre riquezas onde nossos olhos não veem, e não só isso, também enriquece nossos corações, sentimentos e emoções.
ResponderExcluirEste é meu amigo mais chegado do que um irmão...
Deus continue lhe dando graça sobre graça...Heron.
Grato, muito grato mesmo,
NEI.
Caro Nei,
Excluirobrigado pelo generoso comentário.
Sua amizade é um dos bens mais preciosos que Deus me deu.
Você e sua família são mais uma motivação para minha caminhada.
Grande abraço.
Heron
Leveza, sensibilidade e olhar divino. Só estes atributos para poder ver tanto em tão poucos segundos...
ResponderExcluirQue o Senhor te abençoe!