domingo, 18 de outubro de 2009

Mentes e atitudes incomuns

Oskar Schindler: Eu poderia ter conseguido mais. Eu poderia ter conseguido mais. Eu não sei. Se eu ao menos... Eu poderia ter conseguido mais.
Itzhak Stern: Oskar, há mais de mil e cem pessoas aqui que estão vivas por causa de você. Olhe pra elas.
Oskar Schindler: Se eu tivesse feito mais dinheiro... Eu gastei tanto dinheiro. Você não tem ideia. Se eu ao menos...
Itzhak Stern: Haverá gerações graças ao que você fez.
Oskar Schindler: Eu não fiz o bastante!
Itzhak Stern: Você fez muito. [Schindler olha para o seu carro]
Oskar Schindler: Este carro. Goeth teria comprado este carro. Por quê eu fiquei com ele? Dez pessoas logo ali. Dez pessoas. Dez pessoas a mais. [remove seu distintivo nazista de ouro da lapela]
Oskar Schindler: Este distintivo. Duas pessoas. Duas pessoas a mais. Ele teria me dado duas por isso, no mínimo. Uma pessoa. Uma pessoa, Stern. Por isto.
Oskar Schindler: Eu poderia ter conseguido mais uma pessoa... e eu não fiz isso! E eu... não fiz isso! “

Este diálogo está nas cenas finais do filme “A lista de Schindler” onde o diretor Steven Spielberg conta a história de um empresário alemão que usou seu dinheiro e conexões para libertar 1100 judeus dos campos de concentração nazista, em plena 2ª Guerra Mundial. Apesar da cena estar na tela, quase se pode pegar com as mãos a frustração e insatisfação de Schindler por não ter feito mais do que fez. O impulso desse desprendimento e dedicação é a marca de um apaixonado, como Schindler foi pela alma humana.

Quase sempre minha mente é assaltada por estas cenas quando vejo alguém dedicado em fazer mais. E isso aconteceu na abertura do mais recente evento do Dia da Melhoria, quando a Flávia disse que os funcionários que aceitaram o desafio de fazer mais apresentariam suas ideias de melhoria. Minha expectativa subiu como leite na fervura em relação ao que viria pela frente.

Eu tinha que decidir se experimentaria com ou sem emoção os próximos 90 minutos. Fechei os olhos e decidi – será com emoção. Afinal, não é por metro ou por quilo que se encontram ideias que efetivamente mudam as maneiras de se trabalhar para torná-las mais eficiente e satisfatória. Geralmente elas nascem na mente de pessoas tidas como insatisfeitas, que não se conformam com uma rotina de resultados medianos. Frequentemente fazem mais do que pedem para ser feito, pois possuem a marca das pessoas que vivem e trabalham com paixão.

Quem fechasse os olhos naquele auditório, nitidamente teria a impressão que os funcionários apresentando suas ideias sentiam-se donos ou filhos dos donos da Unipac. Expuseram suas soluções como se fossem os únicos responsáveis pelas perdas de óleo, de tempo e de materiais, e finalizavam com satisfação. Alguns até demonstravam surpresa com o resultado alcançado.

Muitos podem estranhar atitudes assim, pois não é padrão deste mundo ser alguém que anda duas milhas quando lhe pedem uma. O comum é conformar-se com olho por olho e dente por dente, satisfazendo-se apenas com o holerite por recompensa. No entanto, atitudes incomuns abrem a porta para recompensas incomuns, que começam com a gratuita alegria de tornar a vida de outros melhor de ser vivida.

Equipe do Dia da Melhoria em 31 de julho de 2009

4 comentários:

  1. É interessante como a atitude do nosso coração muda totalmente a nossa motivação. Precisamos cada vez mais do olhar de Deus para as nossas "tarefas" diárias.
    Ótima palavra Pr. suas crônicas me motivam muito.
    abraços Paty

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  2. Oi Heron! Adorei sua crônica, espero que esta esteja no próximo jornal!!!
    É incrível como você coloca vida na sua escrita, a gente se emociona quando lê e consegue ver com os seus olhos.
    A cada dia suas crônicas ficam melhores!
    Um grande abraço da amiga fã number 1!
    Thaís

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  4. Oi, Heron.

    Li a crônica agora!

    Aprecio muito esta cena em que Schindler reflete sobre os seus atos. Quando a vi pela primeira vez eu tinha 12 anos, mas me lembro muito bem daquele impacto. Aguns amigos da escola e eu fomos assistir ao filme no Cine Pedutti, em Marília, no centro da cidade. Era um cinema antigo, de entrada que dava direto para a calçada da rua. No fim da sessão, sai do cinema e já estava no lado de fora, mas aquele filme não se foi tão logo quanto aquela saída da sala de projeção. Uma sensação estranha: de uma realidade preto-e-branca para uma outra colorida, ensolarada. Me senti mais leve, mas triste porque outras pessoas em preto-e-branco continuavam lá, na história terrível daquele genocídio.

    Comparar um momento assim com o dia a dia é trazer intensidade de vida a tudo o que fazemos. Eu acredito que isso seja uma forma saudável de buscarmos uma vida com propósito mais nobre, a fim de deixarmos o mundo melhor para um outro ser humano que não você. Essa é minha missão, ou parte intrínseca dela.

    Aos que fazem pouco, mas muito, a gratidão. Aos que fazem muito, mas pouco, a atenção.

    Obrigado.
    Dyo

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