
Entretanto a questão foi respondida na noite daquele dia. Vestindo uma camiseta com a nova logomarca da empresa estive com minha família num grande evento regional. Um deputado que andava entre os populares ao ver-me com aquela marca, estendeu a mão para cumprimentar-me, e disse ao pé do meu ouvido: “Você sabia que o seu Nishimura faleceu hoje à tarde?”.
Não sei se foi pela cara que fiz, mas o político afastou-se do mesmo modo fugaz que veio. Triste, mas surpreso lembrei-me daquelas palavras ouvidas no meio do dia. Naquela hora, senti-me um funcionário honrado ao receber a notícia da morte do fundador da empresa que trabalho através de um deputado em meio a tantas pessoas. A honra daquele patrono desceu até os funcionários mais distantes, assim como a glória de Cristo descerá sobre todos que nEle confiam.
No sábado o sol puxou uma cortina de nuvens e escondeu-se atrás delas. O dia nasceu solene, como que guardando um luto solidário aos pompeienses. No velório num ginásio, encontrei um lugar ao fundo. Ali em pé, via uma pequena multidão sentada à minha frente. Um dos filhos do seu Nishimura, representando a família, confidenciou aos presentes que seu pai não desejava que no seu velório chorassem por ele, mas que o aplaudissem.
Em seguida algo marcante aconteceu. De onde eu estava vi formar-se uma verdadeira “ola” como num estádio. Iniciada pelas pessoas nos primeiros lugares, e sucessivamente imitadas pelas de trás, num gesto contínuo como uma onda, todos se levantaram dos acentos e aplaudiram ruidosamente até chegar aos últimos. A sensação foi intensa como de um coquetel de alegria, dor e gratidão. E cresceu ainda mais quando olhei ao lado e vi, com as mãos batendo uma contra a outra, o tal deputado que na noite anterior foi um simples mensageiro para responder a inquietante pergunta “porque honrados funcionários?”.
Heron Caetano
As fotos foram obtidas do site www.estounanet.com.br